Eu já tinha visitado o Coliseu uma vez, em 2011, e resolvi esse ano fazer um tour por três espaços em que os visitantes que compram o bilhete normal não podem entrar: a arena, os subterrâneos e o terceiro andar.
O tour começou com algumas informações básicas. A construção do Coliseu começou a ser feita pelo emperador Vespasiano em 72. Ele era chamado pelos romanos simplesmente de Anfiteatro ou Anfiteatro Novo. O nome coliseu veio depois, da estátua de Nero inspirada pelo Colosso de Rodes que ficava na frente do prédio.
Com o fim do Império Romano, o coliseu parou de ser utilizado como lugar de espetáculos. Casas foram construídas lá dentro em alguns momentos, ele foi utilizado por ordens religiosas, e durante o renascimento o mármore do coliseu foi retirado para construir igrejas e as vilas da aristocracia.
Arena:
Primeiro, a gente visitou parte da arena, reconstruída por arqueólogos. Entrando lá, eu só conseguia pensar: “Ave, César! Aqueles que estão para morrer te saúdam”. Embora a frase só tenha sido registrada uma vez. E nem tenha sido em Roma.
A própria palavra arena vem do latim para areia, que era usada para absorver o sangue.
Aqui a guia passou algumas informações sobre a arena, e acabou com alguns mitos. Embora tenha uma cruz lá e seja lugar de peregrinação, não há provas que o coliseu fosse utilizado como local de martírio de cristãos.
Gladiadores não morriam em todas as batalhas. Um gladiador morto não é do interesse de ninguém, já que o seu treinamento não era barato. No fim de uma batalha eles costumavam pedir clemência e ela quase sempre era concedida.
Subterâneos:
Em seguida, visitamos os subterrâneos. O Coliseu não era usado somente para lutas de gladiadores. Outros espetáculos populares eram as caças a animais selvagens. Gazelas, leões, rinocerontes e elefantes eram trazidos da África. Eles eram mantidos no subterrâneo e elevados a arena no momento do espetáculo.
Os animais também lutavam entre si em espetáculos.
Algo sobre o que os historiadores se dividem é se Batalhas navais (naumaquia) ocorriam no Coliseu. Não se sabe se elas ocorriam no Coliseu porque não se achou evidência de como ele podia ser enchido e esvaziado rapidamente e nem material impermeável. Mas a gente sabe outros lugares tinham essas encenações – um em Roma é onde é a Piazza Navona, por isso a praça tem formato oval.
Terceiro andar:
Por último fomos ao terceiro andar do coliseu. O coliseu foi construído em três ordens, com colunas dóricas no primeiro andar, jônicas no segundo e coríntias no terceiro. De lá você tem uma vista espetacular do edifício.
Dá para ver o tanto que está faltando, partes que foram destruídas em terremotos ou usadas para construir igrejas e vilas da aristocracia. Por muito tempo também casas foram construídas dentro do coliseu, que era usada pelo Occupy da Idade Média.
Como comprar o ingresso para os subterrâneos:
Clique aqui para o site oficial para comprar o ingresso do coliseu. Lá você pode comprar a entrada normal, para não ter que enfrentar a fila, ou fazer parte de um tour. Tours são ofertados em inglês, italiano e francês, e são vendidos em blocos de dois meses. O tour que eu fiz, “visita guidata ai sotterranei”, geralmente se esgota em inglês meses antes, mas costuma ter em italiano até em cima da hora.
Além do tour, você tem que comprar a entrada normal no coliseu ou vai ter que ficar na fila quando chegar lá. Quando você for comprar o ingresso, vai ver algumas opções de preço. A entrada custa 12 euros a inteira e 7,50 a reduzida, com desconto para estudantes de história da arte ou arquitetura, com acréscimo de 2 euros para a reserva. O tour custa 9 euros, com o mesmo acréscimo. Menores de 18 anos não pagam nem a entrada nem o tour, mas é obrigatório fazer a reserva, então compre o bilhete que diz “entrada gratuita + reserva”, no valor de 2 euros.
Lembre-se que a entrada no Coliseu, com tour ou não, inclui a visita aos Fóruns Romanos e ao Palatino. Você pode visitá-los em qualquer ordem, durante dois dias consecutivos. Se você preferir comprar o ingresso na entrada, compre na Colina do Palatino, porque a fila costuma ser menor.
Se eu falar que a maior atração de Split, na costa da Croácia, é o Palácio de Diocleciano, imagino que a maioria das pessoas vai pensar nas ruínas de um grande palácio, em que você chega, compra um ingresso, passa algumas horas visitando e depois vai ver o resto da cidade. Certamente foi o que eu pensei a princípio.
Mas o palácio de Diocleciano não é um museu e nem o que a gente pensa quando ouve a palavra palácio. É o centro da cidade de Split, com ruas labirínticas, igrejas, restaurantes e até albergues. Quem disse que ter um orçamento de 50 euros por dia te impede de dormir em um palácio?
O imperador Diocleciano é mais conhecido por ter sido o primeiro imperador romano a abdicar do posto voluntariamente. Sentindo-se doente, ele resolveu deixar o poder ao seu sucessor e foi viver sua aposentadoria na costa da Croácia, onde ele tinha nascido. Lá ele construiu um gigantesco complexo, parte palácio, parte fortaleza. O palácio era localizado perto da capital da província, Salona, e no lugar onde existia uma colônia grega chamada de Spalathos.
O palácio dava para o mar, para que o imperador pudesse chegar de navio e entrar direto nos seus aposentos. Ele tinha o seu próprio aqueduto para o abastecer de água fresca e áreas de recreação para os habitantes.
Depois que os romanos abandonaram a região, o palácio ficou abandonado por alguns séculos. Finalmente, no século VII, a população local achou que era hora de formar o movimento Occupy Palácio de Diocleciano. Como não tinha um governo autoritário lá para mandar a PM jogar bomba de fumaça e atirar bala de borracha nos invasores bolivarianos, eles permaneceram por séculos, e foi assim que o palácio virou o centro da cidade de Split.
No século XVIII ele começou a ser estudado e se tornou uma inspiração da arquitetura neoclássica. Ele se tornou um Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1979, mas, ao contrário do que aconteceu em outros monumentos, as pessoas que viviam lá não foram expulsas para que o lugar virasse um museu. Hoje cerca de 3000 pessoas ainda vivem por lá.
O antigo decumanus é hoje a rua Krešimirova, enquanto o cardus é a rua Dioklecijanova. No encontro deles, temos um grande peristilo, um pátio formado por colunas. Em um dos lados do peristilo, fica uma esfinge de 1500 antes da nossa era. É um dos lugares mais impressionantes de Split.
Em 1968, estudantes de Split pintaram as pedras de vermelho, no que ficou conhecido como “peristilo vermelho”. A cor era uma referência à cor do comunismo e à cor das elites políticas na Iugoslávia socialista, que eles viam como ultrapassadas. Em 1998, o artista Igor Grubić comemorou o aniversário de 30 anos do peristilo vermelho pintando-o de preto, a cor da extrema direita que tinha dominado o país na década de 90. As duas intervenções tiveram a mesma resposta das autoridades: classificar de vandalismo e pronto.
Lá fica o antigo mausoléu de Diocleciano, o perseguidor dos cristãos, que é hoje, ironicamente, uma igreja católica, a Catedral de São Domnius. Do outro lado, você vê um batistério, onde era o templo de Júpiter. Diocleciano acreditava ser uma reencarnação desse deus.
Para seguir em direção à orla e ao portão de bronze – os quatro portões do palácio tem todos nomes de metais – eu fiz questão de passar pelos dois caminhos, muito diferentes um do outro. O primeiro foi pelo subterrâneo, onde ainda existe um mercado e onde foram filmadas cenas de Mereen em Game of Thrones, e o segundo foi pelo vestíbulo, um domo aberto. O vestíbulo é onde as pessoas aguardavam para serem recebidas pelo imperador, e nos anos 90 era conhecido como lugar de prostituição e de usuários de drogas. Até hoje tem o apelido de kenjara, o buraco de merda.
O palácio não chega mais ao mar, depois de anos de mudanças climáticas, então hoje você tem que passar pela Riva, a orla moderna. É um ponto de encontro da cidade e frequentemente descrito como a antessala do palácio, mas eu não recomendo comer por lá, achei os restaurantes muito caros. Aliás, se você quer comer algo que não seja uma fatia de pizza, recomendo que você saia do palácio.
Se você está interessado na época romana, vale a pena sair do palácio para visitar o Museu Arqueológico, cheio de artefatos de Split e de cidades próximas. Outra opção é fazer um day-trip para as ruinas de Salona, a antiga capital da província. Perto de Split também pode-se visitar a fortaleza medieval de Klis e a cidade do renascimento de Trogir. Leia sobre os três lugares no próximo post.
Nápoles é uma das cidades mais antigas da Itálias, fundada pelo gregos, e é cercada por cidades antiquíssimas e grande beleza natural. Então que tal conhecer alguns deles?
Vamos começar com os óbvios.
Pompéia, Herculano e o Vesúvio
O primeiro day-trip é tão óbvio quanto imperdível: qualquer um que se interessa minimamente por história já sonhou em conhecer Herculano e Pompéia. Pompéia é imensa, e só ela poderia ser uma visita de um dia. Herculano é pequena, mas mais preservada, já que ela foi coberta por lama muito rapidamente, enquanto Pompéia foi coberta por cinzas em um período de várias horas, enquanto ocorriam incêndios. Você também pode subir no topo do Vesúvio para ver a vista da região. Tem vans que saem tanto de Herculano quanto de Pompéia. Mas atenção: tentar espremer os três em um dia significa abrir mão de alguns lugares de Pompéia.
O segundo day-trip óbvio é a ilha de Capri, conhecida pela beleza natural. A visita a Capri pode ser feita de barca a partir de Sorrento ou como parte de um tour. Mas cuidado se você quiser visitar a famosa gruta azul: a visita nem sempre é possível por causa das marés.
Paestum
A cidade de Paestum era uma das maiores cidades gregas da região, e os seus templos ainda estão em um ótimo estado de conservação. Eles foram construídos entre o século V e o século II antes da nossa era. As tumbas pintadas da cidade também são famosas.
Baia
Baiae era um resort romano. Por causa da atividade volcânica na região, hoje ele está principalmente debaixo da água. O que não quer dizer que você não possa visitar as ruínas. Você só precisa de uma carteira de mergulho (ou de tempo o suficiente para conseguir uma).
O Super vulcão em Campi Flegrei e a cidade romana em Pozzuoli
Um dos poucos super vulcões no mundo, Campi flegrei é constituído de 24 crateras e está localizado principalmente debaixo da água.
Em Pozzuoli você encontra ruínas romanas e o terceiro maior anfiteatro na Itália
Caserta
Conhecido como a Versalhes italiana, o palácio de Caserta é na verdade bem maior que o palácio francês: ele tem cerca de 1200 quartos. O parque se estende por 120 hectares. O objetivo, porém, era rigorosamente o mesmo: mostrar o poder da dinastia de Bourbon, que governava Nápoles.
Procida
Se as outras ilhas da Baía já são conhecidas pelos turistas, Procida é um segredo que os italianos guardam entre si. Como a ilha é pequena, com uma população de cerca de dez mil pessoas, e perto de Nápoles, é um day-trip bem fácil.
Castel Aragonese
Esse castelo medieval é o monumento mais impressionante da Ischia, outra ilha vulcânica na baía de Nápoles.Pompéia e Herculano foram congeladas no tempo pela explosão do Vesúvio. Visitá-las é como voltar ao primeiro século da nossa era e ver como funcionava uma cidade romana. Por isso, são visitas que atraem milhares de pessoas por ano, e não pude perder a chance de conhecê-las quando estive em Nápoles.
Pompéia é a maior escavação arqueológica do mundo
Sem contar um dos lugares mais visitados da Itália, com 2,5 milhões de pessoas por ano, e um monumento protegido pela UNESCO.
Essa é uma das primeiras coisas que visitantes devem saber sobre Pompéia: o lugar é enorme. Use sapatos confortáveis, leve água e reserve o dia inteiro para o passeio. Eu fui em outubro, e o tempo estava perfeito para a visita, mas em outras épocas também recomendo capa de chuva ou algo para proteger do sol. Na entrada, não deixe de pegar os mapinhas, por orientação, e considere pegar também o audioguide.
O monte Vesúvio é um vulcão ativo
A última erupção foi em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele é considerado o único vulcão ativo na Europa continental (mas a Itália tem dois outros: o Etna na Sicília e Stromboli na ilha de mesmo nome).
É possível visitar a cratera do Vesúvio, e algumas pessoas fazem o passeio no mesmo dia em que visitam as duas cidades, mas é um dia corrido.
E ainda assim cerca de três milhões de pessoas vivem próximas a ele
E muitos outros milhões visitam Pompéia, Herculano, Nápoles, e o super vulcão inativo do outro lado da cidade, Campus Flegrei.
É a região vulcânica mais densamente populada do mundo, e por isso o Vesúvio é considerado um vulcão muito perigoso. O governo italiano tem planos sobre como evacuar centenas de milhares de pessoas se algo acontecer usando trens, ônibus e barcas.
Os trabalhos ainda não pararam
Só cerca de um quarto de Herculano foi escavada. O resto ainda está sob a cidade atual. Existe um debate se se deve destruir a cidade atual, que está lá há centenas de anos, para escavar a cidade antiga.
Herculano pode ser vista em algumas horas, mas é muito interessante por ser diferente de Pompéia. Aliás…
Herculano é mais preservada que Pompéia
A diferença de como Herculano e Pompéia foram destruídas faz muita diferença para o que foi conservado. Herculano tinha sido poupada no início da erupção, porque o vento soprava para o outro lado. Uma coluna de cinzas aquecidas a cerca de 500 graus atingiu a cidade na noite da erupção. A maior parte da população parece ter morrido instantaneamente. Mas em Herculano as cinzas preservaram os prédios. Até armações de madeira podem ser encontradas.
Herculano foi soterrada debaixo de 19 metros de entulhos, e por isso a cidade acima pode ser construída sem que ninguém nem soubesse o que existia embaixo dela.
Pompéia foi atingida por ondas de gás quente, que provocaram incêndios e colapso de edifícios. Por isso a maioria dos prédios não resistiu. No entanto, o calor menor foi o que preservou alguns corpos, que ainda ficam em uma exposição mórbida no anfiteatro.
Há centenas de anos que o vulcão estava dormente, e quando ele entrou em erupção, a maioria das pessoas conseguiu escapar.
As cidades antigas eram super coloridas
O fato de que quando a gente pensa em ruínas gregas ou romanas a gente pensa em edifícios completamente brancos vem do fato simples que tinta não costuma durar milênios. Alguns prédios mais preservados foram encontrados em Pompéia e Herculano e análise química de outros monumentos achou traços de tinta, mostrando que as cidades antigas eram super coloridas.
As cidades eram cheias de afrescos e mosaicos, e dá uma idéia do que era ser rico em uma cidade romana.
Muito do que a gente sabe vem de uma carta da época
Muito do que a gente sabe da erupção vem de uma testemunha de primeira mão: Plínio, o Jovem, que escreveu uma carta para o historiador Tácito sobre o que ele viu. O tio dele, Plínio, o Velho, morreu tentando ajudar as pessoas durante a erupção.
Herculano e Pompéia não foram as únicas cidades destruídas
Oplontis, Stabiae e Boscoreale também foram destruídas e também estão abertas para visitação. Se você quiser visitá-las, pode comprar um passe de três dias incluindo as cinco cidades por 20 euros ou o Campania ArteCard por 32 euros, incluindo outras atrações e transporte (mais informações abaixo).
A Vila dos Mistérios em Pompéia está atraindo estudiosos há anos, mas eles ainda não tem certeza do que ela é
A Vila dos Mistérios atrai visitantes pelos afrescos bem preservados, mas ainda não se tem certeza do que eles representam. É um tipo de ritual religioso, e parece um ritual de iniciação. O que ela era exatamente é motivo de constrovérsia entre especialistas.
A descoberta de arte erótica foi um choque para a moral da época…
A descoberta de material erótico foi um enorme choque cultural para os europeus da época da Contra-Reforma. Um número de afresos explícitos, inclusive um do deus Príapo, foram escondidos ou cobertos. Alguns podiam ser vistos por visitantes – homens, apenas – por uma taxa adicional. Mas as descobertas mais chocantes foram em bordéis. Além de grafites singelos como “Hic ego puellas multas futui”, aqui eu transei com muitas mulheres, pesquisadores acharam afrescos com cenas sexuais explícitas, uma delas entre duas mulheres. Hoje os afrescos estão abertos para o público.
A ponto de virar um Museu Secreto
A coleção de arte erótica de Pompéia e Herculano era mantida em uma parte separada do Museu Arqueológico de Nápoles, e podia ser visitada somente por “pessoas de idade madura e moral respeitável” – ou seja, homens, maiores de idade e educados.
O museu foi fechado (e a porta coberta com tijolos) em 1849. Ele foi aberto e fechado várias vezes até os anos 2000. Menores de idade ainda precisam entrar com um responsável.
Informações práticas
Quando você entra em Pompéia, o mapa já aconselha alguns percursos diferentes, durando duas, quatro, seis ou oito horas. Mesmo que você não queira ficar lá o dia inteiro, saiba que muitas das casas mais famosas estão em lados opostos da cidade, então em uma visita de duas horas você vai ver muito pouco.
Para chegar em Herculano de Pompéia é só pegar a linha Circumvesuviana e descer em Ercolano Scavi. Para chegar em Pompéia, pegue o mesmo trem e desça em Pompei – Scavi villa dei misteri.
Uma opção para visitar é comprar o Campania ArteCard. Ele é um cartão que te dá acesso a várias atrações e transporte público na região da Campania por 3 ou 7 dias. Ele inclui entradas para Pompéia e Herculano, além de outros day-trips de Nápoles como Paestum e o palácio real de Caserta, e várias atrações em Nápoles. A Circumversuviana também está incluída. A versão de 3 dias custa 32 euros, ou 25 para quem tem entre 18 e 25 anos de idade. Como só a entrada de Herculano e Pompéia custa 20 euros, ele vale muito a pena!
Aproveite para conhecer também muitas das estátuas retiradas de Pompéia no Museu Arqueológico de Nápoles. Clique aqui para ver o site em inglês.
Nos caminhos entre as estações de trem e as escavações você vai ver muitas lanchonetes e pizzas em fatia. Eu levei meu próprio lanche, mas achei as coisas mais baratas em Herculano. Também existem máquinas com comida dentro de Herculano e um restaurante dentro de Pompéia. Você também pode encontrar banheiros dentro das escavações. É possível levar seu animal de estimação, mas saiba que existe um grande número de animais vadios lá.Taormina é bem diferente do resto da Sicília. Ela é inegavelmente, descaradamente, um resort. Isso se vê nas lojas chiques de roupas de marca e deixa a cidade lotada e cara demais em algumas épocas do ano. Por isso, seria o tipo de lugar que eu evito. Mas também é um lugar histórico, por onde passaram gregos, romanos, bizantinos, árabes, normandos, franceses e espanhóis, atraídos por sua localização pendurada no Monte Tauro. Ela inspirou artistas como Goethe, Klimt, Jean Cocteau, Dalì e Tennessee Williams.
A antiga Tauromenium foi fundada como uma colônia de Siracusa pelo tirano Dionísio 392 anos antes de nossa era. Dos romanos, os próximos habitantes, ficou uma das maiores atrações da cidade, o teatro com vista para o mar e para o Etna. No verão ele é sede para todo tipo de evento, inclusive peças, festivais de cinema e concertos.
O palácio Corvaja é um dos símbolos da cidade e tem influência árabe, normanda e gótica. Atrás dele, fica outro pequeno teatro, redescoberto no final do século XIX.
Se você continuar depois do palácio pelo Corso Umberto, vai passar por uma sucessão de palácios dos séculos XV a XIX, em uma rua fechada para carros. Dos lados, você vê becos estreitos com janelas cheias de flores.
Você passa por muitas praças andando pela cidade, inclusive a Piazza IX Aprile, com uma igreja gótica e vista para o Castello Saraceno, em cima do Monte Taurus. Eu não cheguei a visitá-lo, mas tem fama de ter uma boa vista para a cidade. Atravessando a praça, você chega à parte mais antiga da cidade.
As atrações de Taormina envolvem principalmente andar pelas ruas medievais e nadar nas praias lá perto, então é um lugar perfeito para quem quer relaxar, contanto que você a evite no verão. Eu fui em Taormina em fevereiro e a temperatura estava acima dos vinte graus, apesar da ameaça de chuva.
Taormina fica a cerca de uma hora de ônibus de Catania, onde fica o aeroporto mais próximo. Ela pode ser visitada como day-trip, ou usada como base para quem quer visitar praias e reservas.Aqui são alguns lugares curiosos, cheios de mistérios ou pouco visitados de Roma. São lugares inusitados para fugir do beaten path. Espero que vocês curtam a lista!
A Basílica de Santa Maria in Cosmedin é uma igreja medieval de Roma. Ela foi construída no século VIII, e foi decorado por monges gregos que escapavam da perseguição iconoclasta. Ela logo ficou conhecida pela beleza dos seus mosaicos, e por isso recebeu o nome de Cosmedin, do grego Kosmidion, a ornada.
Mas a atração mais famosa dessa igreja fica no pórtico da Igreja. Lá foi preservada uma antiga estátua redonda, cujo uso original ainda é desconhecido. A estátua tem os olhos, narinas e boca abertos, o que gerou um boato engraçado. Diziam que se você colocasse a mão lá dentro e contasse uma mentira, ela morderia a sua mão. Por isso, ela ficou conhecida como a Bocca della Verità, a Boca da Verdade.
Saindo da Igreja, à direita fica uma das sete colinas de Roma, o Aventino. Lá um dos edifícios é o Grão Priorado de Roma da Ordem dos Cavaleiros de Malta. Esse prédio ficou famoso por uma curiosidade fascinante: se você olhar pela fechadura, tem uma vista perfeita para a Basílica de São Pedro.
Lá do lado, outro lugar conhecido pela vista: o Jardim de Laranjas da Igreja de Santa Sabina.
A Igreja Jesuíta de São Inácio foi construída para ter uma enorme cúpula, mas o dinheiro faltou, e ela nunca foi construída. Ao invés de destruir completamente os plnos, eles contrataram Andrea Pozzo para pintar um trompe l’oeil. Assim, de dentro da igreja, você tem a impressão que a cúpula realmente existe, contanto que você fique no ângulo certo.
As pintura usam uma técnica conhecida como quadratura, em que elementos arquitetônicos são colocados em uma perspectiva forçada. Ele escreveu um livro sobre a técnica, que se tornou popular durante o barroco.
Ao entrar na Igreja, evite olhar para cima até você chegar no marcador de mármore que indica o lugar ideal para ver o domo. Um outro marcador indica o lugar ideal para ver o resto do teto.
Entre a va Sistina e a Via Gregoriana fica um palácio conhecido pela sua fachada. A porta as janelas ficam circundadas por enormes bocas, e embora o nome oficial do prédio seja Palazzetto Zuccari, ele é mais conhecido pelos romanos como Palácio dos Monstros.
Na Via delle Quattro Fontane fica uma encruzilhada em que se vêem quatro fontes, e três obeliscos. Nesse lugar você pode fazer uma escolha entre os dois famosos arquitetos de Roma do século XVII. De um lado, o obsessivo Borromeo, que construiu a Igreja de San Carlo alle Quattro Fontane. Ela desafia as normas do barroco, e vale a pena entrar para ver o domo. Do outro lado, o incrível Bernini construiu Sant’Andrea al Quirinale. Essa igreja é frequentemente descrita como teatral pelo modo como usa mármore, pinturas, madeiras folheadas a ouro e luz para contar a história de Santo André. Não deixe de visitar as duas e escolher a sua versão preferida do barroco.
San Carlo alle Quattro Fontane
Sant’Andrea al Quirinale
A Porta Alquímica é famosa entre os romanos, embora seja menos conhecida por turistas. Ela fica dentro do parque de Piazza Vittorio, nas ruínas de uma antiga vila. Ela é cercada por símbolos e inscrições, e foi construída em 1600 pelo Marquês Palombara. Diz a lenda que um alquimista deu a Palombara a receita para transformar outros metais em ouro, mas ele não conseguia entender o que estava escrito. Então ele escreveu em torno da sua porta, na esperança de que se alguém entendesse, bateria na sua porta.
Depois da conquista do Egito, tudo que vinha do país entrou na moda. No nosso post sobre as praças de Roma, você pode notar a grande quantidade de obeliscos, tanto originais quanto cópias. Nessa época, duas pirâmides foram construídas em Roma, e uma delas ainda existe. A pirâmide de Cestius foi construída entre 18 e 22 antes de nossa era, como o túmulo para um romano rico.
Viajantes de Roma antiga descrevem a pirâmide por dentro como sendo coberta por afrescos que não sobreviveram aos tempos. Do lado de fora, ela foi incorporada às muralhas de Roma construídas por Aureliano. Por séculos, acreditou-se que ela fosse o túmulo de Rômulo, um dos fundadores de Roma, até que a inscrição foi redescoberta.
Lá perto, no Cemitério Protestante, fica o que Oscar Wilde chamou de o lugar mais sagrado de Roma: o túmulo do poeta Keats. O cemitério também é um santuário para gatos de rua.
A Isola Tiberina é a única ilha de Roma, e um lugar cheio de curiosidades. É a menor ilha habitada do mundo, e para chegar lá você atravessa a ponte mais antiga da cidade – com vista para outra ainda mais antiga, a Ponte Rotto, ou ponte destruída, em ruínas no rio. Lá você pode visitar uma Basílica do Século X ou ver um festival de cinema, se você visitar no verão.
Aqui teria o local escolhido para fazer um Templo dedicado a Asclépio, o deus da cura. Dizem que no século III, houve uma praga em Roma. Uma delegação teria ido até Epidauros para conseguir uma estátua de Asclépio. Lá, também receberam do templo uma serpente, que se enrolou no mastro, o que foi considerado um sinal de boa sorte. Chegando em Roma, ela nadou até a Isola Tiberina, e eles entenderam que esse deveria ser o local do templo. Até hoje existe um hospital na ilha. Durante a ocupação alemã na Segunda Guerra, judeus foram escondidos aqui, e o diretor disse a SS que eles eram pacientes com uma doença rara e extremamente contagiosa para salvá-los.
Uma das maiores construções da Roma antiga foi o grande sistema de esgoto chamado Cloaca Maxima. Ele não tem o charme do Coliseu ou o Fórum Romano, mas é um dos monumentos mais antigo da cidade, construído no século 6 antes de nossa era, e ainda está em uso.
Você pode ver a principal saída da Cloaca Maxima perto do Ponte Rotto.
Lá perto fica o Teatro di Marcello, que teria sido construído por Julio César. Na Idade Média, ele foi transformado em uma pequena fortificação. Hoje, lá dentro existem apartamentos de luxo. Ele é talvez o teatro mais antigo da Itália cuja arquitetura ainda é visível. No verão, ele ganha vida com as Notti Romane, em que concertos de música clássica são feitos em frente ao teatro.
Hoje pode parecer uma praça vazia, mas o Circo Massimo tem história. Ele era um estádio para corridas e bigas, em estilo Ben-Hur. Como muitos prédios da Roma antiga, ele caiu em desuso e suas pedras foram retiradas para a construção dos palácios das famílias nobres. O obelisco que ficava no centro está hoje na Piazza del Popolo. Hoje em dia, tem uma vista ótima para o Palatino, uma das sete colinas de Roma.
Além disso, debaixo do Circo Massimo fica um antigo Templo de Mitra. Ele foi redescoberto durante as obras fascistas em Roma, e até hoje só pode ser visitado com reserva.
Vários templos dedicados a Mitra foram descobertos pelo antigo Império Romano, mas pouco se sabe sobre esse culto. O culto só estava aberto aos iniciados,. Sabemos que a imagem central era do deus Mitra matando um touro, e que os templos costumavam ser feitos em cavernas.
Ao norte do Circus Maximus há uma pequena mensagem afixada na parede. Ela diz “Mi sono perso. XVII-IX-MMX”, ou seja, “Eu me perdi. 17 de setembro de 2010”.
Ela foi colocada pela artista Ruth Baettig, que deixou uma série de placas iguais em Roma e na Sicília, com a data da instalação. A artista diz que quando alguém está perdido, perde o senso de futuro, mas ganha um senso do aqui e agora. Eu gosto dela porque é exatamente o que eu gosto em viajar – descobrir o aqui e agora.
Existem alguns lugares em Istambul onde você pode ver a antiga cidade romana que existia aqui.
Os gregos fundaram a cidade de Bizâncio no Chifre de Ouro, perto do Bósforo. Ela foi conquistada pelos romanos alguns séculos mais tarde e chamou a atenção do imperador Constantino pela sua posição estatégica, entre Europa e Ásia e controlando a entrada para o Mar Negro. Durante séculos, foi a maior e mais rica cidade da Europa. E por isso seus traços ainda estão lá.
Cisterna da Basílica
A Basilica Cistern, também conhecida como Yerebatan Sarayi, ou palácio submerso, é a maior de centenas de cisternas construídas nos subterrâneos de Istambul pelos romanos. O nome vem do fato dela antigamente estar localizada embaixo de uma praça pública, a Stoa Basilica. A maioria das colunas parecem ter vindo de outros edifícios.
Foi um dos lugares que achei mais impressionantes em Istambul. As fotos não fazem justiça ao tamanho do lugar, e não mostram os peixes nadando entre as colunas.
Duas colunas tem engravadas a cabeça de medusa, uma colocada de lado e outra de cabeça para baixo. Diz a lenda que elas foram colocadas assim para reduzir o poder da medusa de transformar os inimigos em pedra, embora provavelmente tenha sido para apoiar melhor a coluna mesmo.
Hagia Sophia
Hagia Sophia foi construída pelos romanos como uma igreja, depois foi usada como mesquita pelos otomanos, que adicionaram os minaretes, e finalmente se tornou um museu. Ela é famosa principalmente por causa de seu enorme domo, que mudou a história da arquitetura. Dentro a decoração original era de mosaicos em estilo bizantino, mas muitos foram destruídos pelos iconoclastas, e outros quando o lugar se tornou uma mesquita, já que o islam proíbe a representação de seres vivos em lugares religiosos. Hoje poucos ainda existem, e estão principalmente nas entradas. Outros poderiam ser encontrados, mas para isso seria necessário destruir a arte islâmica por cima.
Ela permaneceu a maior catedral do mundo por mil anos, até a construção da Catedral de Sevilla.
Esse é outro lugar que achei incrível.
Aqueduto de Valens
O Aqueduto foi construído pelos romanos e teve extensas reformas feitas pelos otomanos, permanecendo por séculos a maior fonte de água da cidade. A maior parte dele ainda está de pé.
Hipódromo
Hoje, a maior pista que esse lugar costumava ser um antigo hipódromo é o formato da praça, assim como a Piazza Navona em Roma nos lembra pelo formato do antigo Circus Agonalis. Mas alguns monumentos ainda estão lá, como a Coluna da serpente, trazida do templo de Apolo em Delfos. Ela foi feita para celebrar a vitória dos gregos sobre os persas. O oobelisco egípcio na praça também foi trazido pelos romanos.
Hoje a praça é chamada de Sultanahmed e é onde fica a famosa mesquita azul.
Museu Arqueológico
Uma das coleções arqueológicas mais famosas do mundo, o museu fica dentro do complexo do Palácio de Topkapi, mas tem admissão separada. Ele tem mais de 60 mil artefatos gregos, egípcios, hititas e, é claro, romanos.Pompéia e Herculano foram congeladas no tempo pela explosão do Vesúvio. Visitá-las é como voltar ao primeiro século da nossa era e ver como funcionava uma cidade romana. Por isso, são visitas que atraem milhares de pessoas por ano, e não pude perder a chance de conhecê-las quando estive em Nápoles.
Pompéia é a maior escavação arqueológica do mundo
Sem contar um dos lugares mais visitados da Itália, com 2,5 milhões de pessoas por ano, e um monumento protegido pela UNESCO.
Essa é uma das primeiras coisas que visitantes devem saber sobre Pompéia: o lugar é enorme. Use sapatos confortáveis, leve água e reserve o dia inteiro para o passeio. Eu fui em outubro, e o tempo estava perfeito para a visita, mas em outras épocas também recomendo capa de chuva ou algo para proteger do sol. Na entrada, não deixe de pegar os mapinhas, por orientação, e considere pegar também o audioguide.
O monte Vesúvio é um vulcão ativo
A última erupção foi em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele é considerado o único vulcão ativo na Europa continental (mas a Itália tem dois outros: o Etna na Sicília e Stromboli na ilha de mesmo nome).
É possível visitar a cratera do Vesúvio, e algumas pessoas fazem o passeio no mesmo dia em que visitam as duas cidades, mas é um dia corrido.
E ainda assim cerca de três milhões de pessoas vivem próximas a ele
E muitos outros milhões visitam Pompéia, Herculano, Nápoles, e o super vulcão inativo do outro lado da cidade, Campus Flegrei.
É a região vulcânica mais densamente populada do mundo, e por isso o Vesúvio é considerado um vulcão muito perigoso. O governo italiano tem planos sobre como evacuar centenas de milhares de pessoas se algo acontecer usando trens, ônibus e barcas.
Os trabalhos ainda não pararam
Só cerca de um quarto de Herculano foi escavada. O resto ainda está sob a cidade atual. Existe um debate se se deve destruir a cidade atual, que está lá há centenas de anos, para escavar a cidade antiga.
Herculano pode ser vista em algumas horas, mas é muito interessante por ser diferente de Pompéia. Aliás…
Herculano é mais preservada que Pompéia
A diferença de como Herculano e Pompéia foram destruídas faz muita diferença para o que foi conservado. Herculano tinha sido poupada no início da erupção, porque o vento soprava para o outro lado. Uma coluna de cinzas aquecidas a cerca de 500 graus atingiu a cidade na noite da erupção. A maior parte da população parece ter morrido instantaneamente. Mas em Herculano as cinzas preservaram os prédios. Até armações de madeira podem ser encontradas.
Herculano foi soterrada debaixo de 19 metros de entulhos, e por isso a cidade acima pode ser construída sem que ninguém nem soubesse o que existia embaixo dela.
Pompéia foi atingida por ondas de gás quente, que provocaram incêndios e colapso de edifícios. Por isso a maioria dos prédios não resistiu. No entanto, o calor menor foi o que preservou alguns corpos, que ainda ficam em uma exposição mórbida no anfiteatro.
Há centenas de anos que o vulcão estava dormente, e quando ele entrou em erupção, a maioria das pessoas conseguiu escapar.
As cidades antigas eram super coloridas
O fato de que quando a gente pensa em ruínas gregas ou romanas a gente pensa em edifícios completamente brancos vem do fato simples que tinta não costuma durar milênios. Alguns prédios mais preservados foram encontrados em Pompéia e Herculano e análise química de outros monumentos achou traços de tinta, mostrando que as cidades antigas eram super coloridas.
As cidades eram cheias de afrescos e mosaicos, e dá uma idéia do que era ser rico em uma cidade romana.
Muito do que a gente sabe vem de uma carta da época
Muito do que a gente sabe da erupção vem de uma testemunha de primeira mão: Plínio, o Jovem, que escreveu uma carta para o historiador Tácito sobre o que ele viu. O tio dele, Plínio, o Velho, morreu tentando ajudar as pessoas durante a erupção.
Herculano e Pompéia não foram as únicas cidades destruídas
Oplontis, Stabiae e Boscoreale também foram destruídas e também estão abertas para visitação. Se você quiser visitá-las, pode comprar um passe de três dias incluindo as cinco cidades por 20 euros ou o Campania ArteCard por 32 euros, incluindo outras atrações e transporte (mais informações abaixo).
A Vila dos Mistérios em Pompéia está atraindo estudiosos há anos, mas eles ainda não tem certeza do que ela é
A Vila dos Mistérios atrai visitantes pelos afrescos bem preservados, mas ainda não se tem certeza do que eles representam. É um tipo de ritual religioso, e parece um ritual de iniciação. O que ela era exatamente é motivo de constrovérsia entre especialistas.
A descoberta de arte erótica foi um choque para a moral da época…
A descoberta de material erótico foi um enorme choque cultural para os europeus da época da Contra-Reforma. Um número de afresos explícitos, inclusive um do deus Príapo, foram escondidos ou cobertos. Alguns podiam ser vistos por visitantes – homens, apenas – por uma taxa adicional. Mas as descobertas mais chocantes foram em bordéis. Além de grafites singelos como “Hic ego puellas multas futui”, aqui eu transei com muitas mulheres, pesquisadores acharam afrescos com cenas sexuais explícitas, uma delas entre duas mulheres. Hoje os afrescos estão abertos para o público.
A ponto de virar um Museu Secreto
A coleção de arte erótica de Pompéia e Herculano era mantida em uma parte separada do Museu Arqueológico de Nápoles, e podia ser visitada somente por “pessoas de idade madura e moral respeitável” – ou seja, homens, maiores de idade e educados.
O museu foi fechado (e a porta coberta com tijolos) em 1849. Ele foi aberto e fechado várias vezes até os anos 2000. Menores de idade ainda precisam entrar com um responsável.
Informações práticas
Quando você entra em Pompéia, o mapa já aconselha alguns percursos diferentes, durando duas, quatro, seis ou oito horas. Mesmo que você não queira ficar lá o dia inteiro, saiba que muitas das casas mais famosas estão em lados opostos da cidade, então em uma visita de duas horas você vai ver muito pouco.
Para chegar em Herculano de Pompéia é só pegar a linha Circumvesuviana e descer em Ercolano Scavi. Para chegar em Pompéia, pegue o mesmo trem e desça em Pompei – Scavi villa dei misteri.
Uma opção para visitar é comprar o Campania ArteCard. Ele é um cartão que te dá acesso a várias atrações e transporte público na região da Campania por 3 ou 7 dias. Ele inclui entradas para Pompéia e Herculano, além de outros day-trips de Nápoles como Paestum e o palácio real de Caserta, e várias atrações em Nápoles. A Circumversuviana também está incluída. A versão de 3 dias custa 32 euros, ou 25 para quem tem entre 18 e 25 anos de idade. Como só a entrada de Herculano e Pompéia custa 20 euros, ele vale muito a pena!
Aproveite para conhecer também muitas das estátuas retiradas de Pompéia no Museu Arqueológico de Nápoles. Clique aqui para ver o site em inglês.
Nos caminhos entre as estações de trem e as escavações você vai ver muitas lanchonetes e pizzas em fatia. Eu levei meu próprio lanche, mas achei as coisas mais baratas em Herculano. Também existem máquinas com comida dentro de Herculano e um restaurante dentro de Pompéia. Você também pode encontrar banheiros dentro das escavações. É possível levar seu animal de estimação, mas saiba que existe um grande número de animais vadios lá.De todas as cidades antigas da Turquia, Éfeso é a mais preservada. Eu vi fotos da cidade, e principalmente da Biblioteca de Celso online, e sabia que não podia ficar de fora do meu roteiro.
A cidade foi fundada pelos gregos, no décimo século antes da nossa era, na costa da Ionia. Oito séculos mais tarde ela entrou sob domínio romano. A importância da cidade como um porto decaiu quando o mar se afastou entre 3 e 4 km. A causa foi desflorestamento e erosão, provando que alguns problemas são mais antigos do que eu pensava.
A incrível biblioteca de Celso foi construída no século II, e tinha cerca de 12 mil pergaminhos. Ela aparentemente foi destruída por um terremoto, e a fachada foi reconstruída nos anos 70. Mas ainda é um dos monumentos antigos mais bonitos do mundo. Eu fiquei parada lá um bom tempo só olhando para essa fachada.
Éfeso também tem um grande teatro, no qual cabiam 25 mil pessoas. Ele era usado a princípio para teatro, mas posteriormente lutas de gladiadores também aconteceram aqui. O teatro tem uma acústica impressionante, e é possível ser ouvido por pessoas do outro lado mesmo falando em um tom de voz normal.
Além disso a cidade também tinha um pequeno Odeon, um teatro coberto.
Éfeso também tinha banhos e um sistema de aquedutos muito avançado. Um dos banhos parece ter sido usado também como prostíbulo, pelos grafites encontrados. É lá que, segundo me informaram os guardas, saem a maior quantidade de selfies de Éfeso. Pessoas sentadas no vaso, principalmente. Freud explica?
O Templo de Adriano foi construído com as doações de um cidadão rico, e é na maior parte cópias em gesso de trechos preservados no Museu Arqueológico de Selçuk.
Uma outra atração dentro da cidade antiga são as chamadas Terrace Houses, com admissão separada, conhecidas pelos afrescos e mosaicos. Eu achei que elas valem bem a pena, principalmente para quem não conhece Pompéia e Herculano.
Saindo de Éfeso, fui procurar os restos de uma das sete maravilhas do mundo. A cidade era famosa pelo Templo de Ártemis. Ele foi incendiado no século III por um lunático que adivinhou – corretamente – que esse ato imortalizaria o seu nome. Hoje uma coluna reconstruída de fragmentos marca o lugar onde ele era localizado. Vê-la me lembrou do meu livro preferido de quando eu era criança, A História Sem Fim, no momento em que a imperatriz dá a Bastian um grão de areia dizendo “Isso é tudo que sobrou do meu reino sem fronteiras”.
Você vai passar pela coluna se decidir andar de Selçuk a Éfeso, uma caminhada curta, de cerca de vinte minutos. Na cidade de Selçuk você pode visitar o Museu Arqueológico, onde ainda estão preservadas duas estátuas de Diana da cidade.
Em Selçuk, você também pode visitar um castelo e a chamada Basílica de São João, que teria sido fundada pelo apóstolo.
Eu achei bom ter visitado no inverno, já que muitas pessoas que eu conheci e foram no verão não curtiram tanto a cidade. Quase não há sombra, e a temperatura pode chegar a quase quarenta graus, e hordas de turistas vem dos navios de cruzeiros na costa. Mesmo com a temperatura beirando os 0 graus em Istambul, em Selçuk o dia amanhecia em torno de 8 graus e a temperatura subia para em torno de 16 durante o dia.
Como chegar:
Você pode chegar a Selçuk de avião, lembrando que os vôos internos na Turquia são muitos baratos, ou vir de Istambul ou Göreme de ônibus noturno. De Pamukkale, são cerca de três horas de ônibus, mas você provavelmente vai ter que trocar de transporte em Denizli. Eu vim de Istambul com a companhia Pamukkale Express. A rodoviária da qual o ônibus parte é longe do centro, então eles oferecem um transfer saindo de Taksim.Um dos passeios mais interessantes que eu fiz em Roma foi ver a via Appia Antica, um ótimo lugar para ver Roma antiga. Ela tem meia dúzia de atrações muito conhecidas, famosas e preservadas, e dezenas de lugares menores e menos visitados, então realmente tem atrações para todos os gostos. Era verão quando eu fui, e lá estava mais fresco que o centro da cidade, e eu logo descobri que a recomendação da moça do albergue para que eu levasse um sanduíche e fizesse um piquenique foi daquelas idéias que mereciam um beijo.
A Estrada da Via Appia começou a ser construída em 312 antes de nossa era, ainda na época da República Romana. O objetivo dela era melhorar o transporte para as tropas que estavam lutando nas guerras Samnitas. As pedras estão desgastadas pelos séculos de exposição ao verão italiano, mas ainda levam à cidade de Brindisi, então um dos maiores portos da região.
O primeiro lugar que visitei na Via Appia foi a Porta San Sebastiano. Ela é uma das antigas portas de Roma que sobreviveram na Muralha Aureliana, os muros construídos em torno da cidade no século III, assim como a Porta Flaminia, da qual eu falei no post sobre 13 praças incríveis em Roma.
Hoje a porta é a sede do Museu da Muralha, que te permite andar uma extensão de cerca de 50 metros em cima dos muros. Originalmente ela era chamada de Porta Appia, depois o nome mudou por causa dos peregrinos visitando as Catacumbas de São Sebastião.
Entre a Porta e a próxima das atrações mais famosas, ficam dois túmulos, o de Geta, imperador que reinou com seu irmão, Caracalla, antes de ser assassinado por ele, e o de Priscila, esposa de um liberto do imperador Domiciano
Outro dos lugares mais famosos da Via Appia é a Chiesa del Domine Quo Vadis. Segundo a lenda, quando o Apóstolo Pedro estava fugindo de Roma, ele teve uma visão de Jesus. Pedro teria perguntado: ‘Domine, quo vadis?’ (Senhor, aonde vai?) e ele teria respondido ‘Venio Roman iterum crucifigi’ (vou a Roma para ser crucificado de novo). Pedro se juntou a ele e retornou a Roma, onde foi preso e executado.
O lugar é mais antigo que o cristianismo, e aparentemente era um templo dedicado a Rediculus, o deus romano do retorno. Os viajantes iam a esse templo para orar para deuses estrangeiros antes de uma viagem, e agradeciam a Rediculus pelo retorno seguro.
As Catacumbas de San Callisto são as catacumbas mais famosas de Roma. São mais de 20 km de túneis subterrâneos, nos quais já foram encontrados túmulos de papas e mártires.
Em volta de Roma existem cerca de 40 catacumbas, algumas cristãs, mas outras judaicas e de outras religiões. Quando as catacumbas cristãs foram redescobertas, no século XVI, muitos dos corpos e todos os objetos de valor foram transferidos para igrejas. Como os corpos de santos e mártires viraram objetos de valor, muitos foram desmembrados, com cada parte do corpo indo para igrejas diferentes. Tantas partes de corpos foram vendidas, que acho que se você tentasse reconstituir os corpos hoje, acabaria com santos com oito mãos e nove dedos em cada mão…
Achei muito simpático durante a visita que eles perguntaram a língua em que cada um queria ver o tour. Eu fui a única que queria o tour em italiano, e tinha um grupo de americanos na minha frente, então eu disse que também poderia ver o tour em inglês, sem problemas. Eles me perguntaram de onde eu era e então o que eu estava fazendo na Itália, e quando falei que estava fazendo um curso de italiano, eles imediatamente falaram que aprender uma língua é mais fácil quando existe imersão, e providenciaram um tour particular para mim.
Foi para as Catacumbas de San Sebastiano, lá perto, que a palavra Catacumba foi cunhada, a partir do grego kata (perto) e kymbas (cavidade), porque ela era próxima a uma caverna. Essa era uma das catacombas mais facilmente acessíveis de Roma, e por isso sobram pouco dos elementos originais. Perto delas fica uma Catacumba judaica, a de Vigna Randanini.
Eu não visitei essas duas catacumbas, mas ouvi de outros viajantes que as Catacumbas de San Sebastiano ainda tem alguns afrescos antigos e inscrições do nome de Pedro feitas por visitantes. A Basílica em cima supostamente tem as flechas e a coluna que foram usadas no martírio de San Sebastiano.
O Mausoléu de Cecilia Metella, lá perto, foi construído para ser o túmulo de uma nobre romana, filha do cônsul Quintus Metellus Creticus. De todos os túmulos da Via Appia, ele é o mais famoso por seu ótimo estado de preservação.
No caminho para a próxima atração mais famosa, a Villa dei Quintili, você vai ver pelo menos uma dúzia de outros túmulos, a de Sêneca, uma circular de uma pessoa desconhecida, dos filhos de Sesto Pompeo, de San Urbano, dos Licinii, de Ilario, de Tiberto, uma que parece um pequeno templo, dos Rabirii, dos Festoni, dos Orazi e Curiazi, uma pequena tomba em formato de pirâmide, além de um pequeno templo dedicado a Júpiter.
A Villa dei Quintili, um dos últimos lugares que eu vi, é um dos lugares mais interessantes de Roma. Ela foi construída por dois irmãos romanos, os Quintili. Dizem que a beleza do complexo fez com que o imperador Cômodo sentisse inveja, então ele mandou matá-los e a tomou para si.
Elas eram muito suntuosas, com termas, um aqueduto próprio e um pequeno hipódromo. Muitas das estátuas recuperadas foram vendidas para museus, mas muito da vila ainda está bem preservada, especialmente as termas.
Essa é a última das atrações grandes, mas continuando na Via Appia ainda há túmulos e mausoléus, pequenos templos e outras ruínas.24.AUG.0079
Vesúvio arrasa com Pompeia e Herculano
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As antigas cidades de Pompeia e Herculano prosperaram na base do Monte Vesúvio, na baía de Nápoles. No início do Império Romano, 20 mil pessoas viviam em Pompeia, que possuía um solo bastante fértil e era cidade de comerciantes, fabricantes e agricultores, que plantavam vinhas e pomares. Ninguém, contudo, suspeitava que a terra fértil e negra era fruto de erupções anteriores do Monte Vesúvio. Herculano era uma cidade de 5 mil habitantes e um dos destinos favoritos de verão dos romanos ricos.
Ao meio-dia de 24 de agosto de 79 d. C, a prosperidade das duas cidades chegou ao fim quando o Monte Vesúvio explodiu, expelindo uma nuvem com formado de cogumelo de 10 quilômetros de cinzas e pedra-pomes para a estratosfera. Ao longo das 12 horas que se passaram, cinzas vulcânicas e uma chuva de pedras-pomes caíram sobre Pompeia, obrigando seus moradores a fugirem aterrorizados. Cerca de 2 mil pessoas ficaram em Pompeia, escondidas em porões ou estruturas de pedra, esperando pelo fim da erupção.
Um vento que vinha do oeste protegeu Herculano da fase inicial da erupção, mas, em seguida, uma gigantesca nuvem de cinzas flamejantes e gás subiu pelo flanco ocidental do Vesúvio, atingindo a cidade e provocando queimaduras ou asfixia em quem permaneceu. Esta nuvem letal foi seguida de uma enxurrada de lama e rocha vulcânica, que enterrou a cidade.
As pessoas que permaneceram em Pompeia morreram na manha do dia seguinte, quando uma nuvem de gás tóxico chegou à cidade, sufocando quem estava por ali. Um fluxo de rochas e cinzas fez telhados e paredes desabarem, o que acabou por enterrar os mortos.
No século 18, uma perfuração de um poço revelou uma estátua de mármore em Herculano. O governo local iniciou escavações e encontrou outros objetos de arte valiosos, mas o projeto foi abandonado em seguida. Em 1748, um fazendeiro encontrou vestígios de Pompeia sob a sua vinha. Desde então, as escavações nunca mais pararam. Em 1927, o governo italiano retornou com as escavação em Herculano, para recuperar seus inúmeros tesouros artísticos, incluindo bronze, estátuas de mármore e pinturas.
Os restos de 2 mil homens, mulheres e crianças foram encontrados em Pompeia. Além dos corpos, congelados no tempo, ali estavam objetos comuns que ajudaram a contar a história da vida cotidiana
na cidade. Até 1982 ainda eram encontrados restos
humanos em Herculano.
As pinturas nas paredes do Lupanar (termo que designava os prostíbulos) de Pompeia têm muito a revelar sobre a sexualidade na Roma Antiga.
Os afrescos eróticos sobreviveram à erupção que destruiu a cidade em 79 d.C. O prostíbulo foi descoberto no século XIX, mas suas portas só foram abertas ao público há poucos anos. Em suas paredes, é possível observar várias pinturas de grande realismo que, conforme acreditam os pesquisadores, poderão ter funcionado como uma vitrine das práticas sexuais oferecidas no local.
O Lupanar era um centro de reunião de políticos e empresários da época. Lá, eles podiam contratar os serviços sexuais tanto de mulheres quanto de homens jovens, na maioria ex-escravos que se tornaram trabalhadores sexuais.
Kelly Olson, professora da University of Western Ontario, no Canadá, dedica-se a estudar o papel das mulheres na antiga sociedade romana, e explica: “Os homens casados podiam dormir com qualquer uma, desde que mantivessem as mãos longe das esposas de outros homens. As mulheres casadas, no entanto, não podiam ter relações sexuais com ninguém mais”.
No bordel, é possível ver também várias inscrições feitas à mão pelos clientes do local – inscrições curiosamente parecidas às que podemos encontrar atualmente em lugares desse gênero.
Hoje, o Monte Vesúvio é o único vulcão ativo no continente europeu. Sua última erupção foi em 1944, sendo a maior delas em 1631. Outra erupção é esperada em um futuro próximo, o que pode ser devastador para as 700 mil pessoas que vivem na região em torno do vulcão
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