sábado, 24 de março de 2018

Eu já tinha visitado o Coliseu uma vez, em 2011, e resolvi esse ano fazer um tour por três espaços em que os visitantes que compram o bilhete normal não podem entrar: a arena, os subterrâneos e o terceiro andar.
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O tour começou com algumas informações básicas. A construção do Coliseu começou a ser feita pelo emperador Vespasiano em 72. Ele era chamado pelos romanos simplesmente de Anfiteatro ou Anfiteatro Novo. O nome coliseu veio depois, da estátua de Nero inspirada pelo Colosso de Rodes que ficava na frente do prédio.
Coliseu como era antigamente
Coliseu como era antigamente, com a estátua de Nero. Crédito: wikicommons
Com o fim do Império Romano, o coliseu parou de ser utilizado como lugar de espetáculos. Casas foram construídas lá dentro em alguns momentos, ele foi utilizado por ordens religiosas, e durante o renascimento o mármore do coliseu foi retirado para construir igrejas e as vilas da aristocracia. 
O Coliseu como era
O Coliseu como era, crédito: wikicommons

Arena:

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Entrando na arena do Coliseu
Primeiro, a gente visitou parte da arena, reconstruída por arqueólogos. Entrando lá, eu só conseguia pensar: “Ave, César! Aqueles que estão para morrer te saúdam”. Embora a frase só tenha sido registrada uma vez. E nem tenha sido em Roma.
A própria palavra arena vem do latim para areia, que era usada para absorver o sangue.
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Vista da arena reconstruída de cima
Aqui a guia passou algumas informações sobre a arena, e acabou com alguns mitos. Embora tenha uma cruz lá e seja lugar de peregrinação, não há provas que o coliseu fosse utilizado como local de martírio de cristãos.
Gladiadores não morriam em todas as batalhas. Um gladiador morto não é do interesse de ninguém, já que o seu treinamento não era barato. No fim de uma batalha eles costumavam pedir clemência e ela quase sempre era concedida.
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Vista da arena

Subterâneos:

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Em seguida, visitamos os subterrâneos. O Coliseu não era usado somente para lutas de gladiadores. Outros espetáculos populares eram as caças a animais selvagens. Gazelas, leões, rinocerontes e elefantes eram trazidos da África. Eles eram mantidos no subterrâneo e elevados a arena no momento do espetáculo.
Os animais também lutavam entre si em espetáculos.
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Algo sobre o que os historiadores se dividem é se Batalhas navais (naumaquia) ocorriam no Coliseu. Não se sabe se elas ocorriam no Coliseu porque não se achou evidência de como ele podia ser enchido e esvaziado rapidamente e nem material impermeável. Mas a gente sabe outros lugares tinham essas encenações – um em Roma é onde é a Piazza Navona, por isso a praça tem formato oval.
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Encenação de batalha naval

Terceiro andar:

Coliseu descendo do quarto andar
Por último fomos ao terceiro andar do coliseu. O coliseu foi construído em três ordens, com colunas dóricas no primeiro andar, jônicas no segundo e coríntias no terceiro. De lá você tem uma vista espetacular do edifício.
Dá para ver o tanto que está faltando, partes que foram destruídas em terremotos ou usadas para construir igrejas e vilas da aristocracia. Por muito tempo também casas foram construídas dentro do coliseu, que era usada pelo Occupy da Idade Média.
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Como comprar o ingresso para os subterrâneos:
Clique aqui para o site oficial para comprar o ingresso do coliseu. Lá você pode comprar a entrada normal, para não ter que enfrentar a fila, ou fazer parte de um tour. Tours são ofertados em inglês, italiano e francês, e são vendidos em blocos de dois meses. O tour que eu fiz, “visita guidata ai sotterranei”, geralmente se esgota em inglês meses antes, mas costuma ter em italiano até em cima da hora.
Além do tour, você tem que comprar a entrada normal no coliseu ou vai ter que ficar na fila quando chegar lá. Quando você for comprar o ingresso, vai ver algumas opções de preço. A entrada custa 12 euros a inteira e 7,50 a reduzida, com desconto para estudantes de história da arte ou arquitetura, com acréscimo de 2 euros para a reserva. O tour custa 9 euros, com o mesmo acréscimo. Menores de 18 anos não pagam nem a entrada nem o tour, mas é obrigatório fazer a reserva, então compre o bilhete que diz “entrada gratuita + reserva”, no valor de 2 euros.
Lembre-se que a entrada no Coliseu, com tour ou não, inclui a visita aos Fóruns Romanos e ao Palatino. Você pode visitá-los em qualquer ordem, durante dois dias consecutivos. Se você preferir comprar o ingresso na entrada, compre na Colina do Palatino, porque a fila costuma ser menor.
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Se eu falar que a maior atração de Split, na costa da Croácia, é o Palácio de Diocleciano, imagino que a maioria das pessoas vai pensar nas ruínas de um grande palácio, em que você chega, compra um ingresso, passa algumas horas visitando e depois vai ver o resto da cidade. Certamente foi o que eu pensei a princípio.
Mas o palácio de Diocleciano não é um museu e nem o que a gente pensa quando ouve a palavra palácio. É o centro da cidade de Split, com ruas labirínticas, igrejas, restaurantes e até albergues. Quem disse que ter um orçamento de 50 euros por dia te impede de dormir em um palácio?
O imperador Diocleciano é mais conhecido por ter sido o primeiro imperador romano a abdicar do posto voluntariamente. Sentindo-se doente, ele resolveu deixar o poder ao seu sucessor e foi viver sua aposentadoria na costa da Croácia, onde ele tinha nascido. Lá ele construiu um gigantesco complexo, parte palácio, parte fortaleza. O palácio era localizado perto da capital da província, Salona, e no lugar onde existia uma colônia grega chamada de Spalathos.
O palácio dava para o mar, para que o imperador pudesse chegar de navio e entrar direto nos seus aposentos. Ele tinha o seu próprio aqueduto para o abastecer de água fresca e áreas de recreação para os habitantes.
Depois que os romanos abandonaram a região, o palácio ficou abandonado por alguns séculos. Finalmente, no século VII, a população local achou que era hora de formar o movimento Occupy Palácio de Diocleciano. Como não tinha um governo autoritário lá para mandar a PM jogar bomba de fumaça e atirar bala de borracha nos invasores bolivarianos, eles permaneceram por séculos, e foi assim que o palácio virou o centro da cidade de Split.
No século XVIII ele começou a ser estudado e se tornou uma inspiração da arquitetura neoclássica. Ele se tornou um Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1979, mas, ao contrário do que aconteceu em outros monumentos, as pessoas que viviam lá não foram expulsas para que o lugar virasse um museu. Hoje cerca de 3000 pessoas ainda vivem por lá.
O antigo decumanus é hoje a rua Krešimirova, enquanto o cardus é a rua Dioklecijanova. No encontro deles, temos um grande peristilo, um pátio formado por colunas. Em um dos lados do peristilo, fica uma esfinge de 1500 antes da nossa era. É um dos lugares mais impressionantes de Split.
Em 1968, estudantes de Split pintaram as pedras de vermelho, no que ficou conhecido como “peristilo vermelho”. A cor era uma referência à cor do comunismo e à cor das elites políticas na Iugoslávia socialista, que eles viam como ultrapassadas. Em 1998, o artista Igor Grubić comemorou o aniversário de 30 anos do peristilo vermelho pintando-o de preto, a cor da extrema direita que tinha dominado o país na década de 90. As duas intervenções tiveram a mesma resposta das autoridades: classificar de vandalismo e pronto.
Peristilo Split
Lá fica o antigo mausoléu de Diocleciano, o perseguidor dos cristãos, que é hoje, ironicamente, uma igreja católica, a Catedral de São Domnius. Do outro lado, você vê um batistério, onde era o templo de Júpiter. Diocleciano acreditava ser uma reencarnação desse deus.
Para seguir em direção à orla e ao portão de bronze – os quatro portões do palácio tem todos nomes de metais – eu fiz questão de passar pelos dois caminhos, muito diferentes um do outro. O primeiro foi pelo subterrâneo, onde ainda existe um mercado e onde foram filmadas cenas de Mereen em Game of Thrones, e o segundo foi pelo vestíbulo, um domo aberto. O vestíbulo é onde as pessoas aguardavam para serem recebidas pelo imperador, e nos anos 90 era conhecido como lugar de prostituição e de usuários de drogas. Até hoje tem o apelido de kenjara, o buraco de merda.
Buraco de merda Split
O palácio não chega mais ao mar, depois de anos de mudanças climáticas, então hoje você tem que passar pela Riva, a orla moderna. É um ponto de encontro da cidade e frequentemente descrito como a antessala do palácio, mas eu não recomendo comer por lá, achei os restaurantes muito caros. Aliás, se você quer comer algo que não seja uma fatia de pizza, recomendo que você saia do palácio.
Se você está interessado na época romana, vale a pena sair do palácio para visitar o Museu Arqueológico, cheio de artefatos de Split e de cidades próximas. Outra opção é fazer um day-trip para as ruinas de Salona, a antiga capital da província. Perto de Split também pode-se visitar a fortaleza medieval de Klis e a cidade do renascimento de Trogir. Leia sobre os três lugares no próximo post.

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